Anti-séptico de uso geral para curativos

10 março 2009



O espetáculo nasceu como um laboratório coreográfico, em 2004, dentro da Universidade Anhembi Morumbi, ainda usando o nome da Cia Beziérs vai à feira!. Foi apresentado em salas e teatros da capital e interior de São Paulo.

"Anti-séptico..." foi desenvolvido a partir do tema poético "cicatriz", entendida como uma topografia que se inscreve no corpo, uma marca impressa na pele, oriunda de acontecimentos por vezes dolorosos, outros engraçados.

A memória que se mantém alojada em nossa fisicalidade ou ainda lembranças afetivas que se revelam em nossa motricidade foram o fio condutor para a pesquisa da partitura coreográfica.

As três intérpretes-criadoras, dirigidas pela bailarina Maristela Estrela, investigaram o movimento a partir de suas próprias marcas e cicatrizes, da memória que as antecederam, da sensação da pele, uma geografia machucada. As memórias das intérpretes não representam fragmentos de uma vida, mas constituem-se em complexos conjuntos de sensações, imagens que se apresentam como emoção e código.

Em concomitância com os objetos de cena - quatro cilindros brancos que reforçam o caráter circular da memória que vai e volta - a coreografia resgata a apreensão de espaços que possibilitam a liberdade de movimento, o arriscar-se como premissa, ir além, alçar vôo, desequilibrar-se, conferindo ao corpo que dança a sensação de desenho animado, restituindo a infância nessa fluidez de movimento. O processo de geometrização do espaço cênico logo atinge todo o quadro que se transforma num tabuleiro de imagens, com referências a desenhos animados e à propostas corporais inspiradas no cineasta Jacques Tatit.

Foi ainda dos objetos de cena que a trilha sonora originou-se, articulando-se com sonoridades cômicas sintetizadas e de animações.

As estruturas espaciais e temporais, as formas, linhas e planos do movimento aliam-se ao equilíbrio dramatúrgico agressivo, irônico e brincalhão, produto de um humor gozador das fragilidades humanas, oferecendo a dor e o sorriso, e, às vezes, uma garagalhada sufocada.


Sinopse

Nossas cicatrizes não contam apenas as marcas deixadas em nossas estruturas anatômicas. São relatos de memórias muitas vezes doloridas, outras até muito bem humoradas. Quem afinal, não tem uma cicatriz?


Trechos do trabalho
Fotos (Andrei Bonamin)
Imprensa [Breve]


Ficha Técnica

Concepção: Núcleo Cinematográfico de Dança, Aline Bonamin e Thalita Souza.
Criação e interpretação: Aline Bonamin, Mariana Sucupira e Thalita Souza.
Direção: Maristela Estrela
Trilha sonora: Alê Prade (Estúdio Salto da Rã)

Apoio
Universidade Anhmebi Morumbi, Estúdio Nova Dança e Imagens Nômades

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